Que tal algumas dicas pra aprimorar sua comunicação?
Em 2023 fui convidada pela revista MODAA que circula no paraná e Santa Catarina pra conversar um pouco sobre os desafios de quem precisa se comunicar em público presencialmente ou através das redes sociais. Aqui está o resultado pra você conferir!
Obrigada a toda a equipe da revista que foi incrível!
Recebi muitas respostas para essa pergunta e vou compartilhar com vocês, junto com algumas dicas pra superar as principais dificuldades!
Quando perguntei ao meu público quais são as suas dificuldades de comunicação, percebi que as respostas se encaixam nesses três grandes grupos: organização, insegurança e agressividade.
1 - Organização - argumentação e lógica
A primeira grande dificuldade é conseguir falar o que precisamos e conduzir a audiência pra um rumo que a gente gostaria. Ter certeza de que estamos sendo compreendidos.
"Acho que sou confusa.""Me perco falando." "Fico nervosa e acabo não falando tudo." "Querer passar a mensagem rápido e não desenvolver o contexto." "Me enrolo, não consigo ser clara."
Essa sensação de confusão, de que as palavras corretas não vêm a mente, fazendo com que o outro não nos compreenda é muito comum. Às vezes tentamos falar rápido e de forma sintética, na intenção de sermos objetivos e na verdade se não dermos todo o contexto necessário e tivermos que falar de novo não alcançamos o tal objetivo. Ou seja, ser objetivo não é falar pouco ou falar rápido. O desafio é conseguir organizar as ideias, as palavras, a fala, de uma forma que a gente consiga conduzir os nossos interlocutores pra um propósito.
Nem sempre esse sentimento corresponde à realidade. É muito difícil que ninguém me entenda. Pode ser que aconteça em algumas situações ou assuntos específicos. Descubra quais.
Uma dica nesse caso é julgar menos e perguntar para as pessoas diretamente: O que vocês acham da minha comunicação? Aí você pode analisar se nas respostas estão as palavras confusão, desconexão... Pode ser que nem seja isso!
Talvez o problema não esteja na sua comunicação, e sim em não acreditar no que as pessoas falam, não acreditar em características positivas suas. Muitas vezes recebemos um feedback negativo de alguém importante e começamos a ver tudo daquela forma. Nesse caso um profissional de comunicação como eu pode não ser o mais indicado. Pra te auxiliar a lidar com autoconfiança e frustrações um profissional da psicologia tem instrumentos mais adequados.
2 - Insegurança - timidez, vergonha
"Julgamento dos outros.""Autocrítica.""Medo de falar algo errado.""Me sinto intimidada por algumas pessoas de cargos superiores.""Medo de falar em público, insegurança.""Sou tímida!"
Que tal identificar onde essa dificuldade aparece? É pela quantidade de pessoas? É o fato de serem pessoas próximas, ou desconhecidas?
Às vezes nos definimos como tímidos, e a verdade é que é muito raro sermos tímidos em todas as circunstâncias. São algumas situações e algumas pessoas que podem nos deixar com mais timidez.
Existe uma infinidade de exercícios e truques pra esses momentos de tensão e nervosismo. É só clicar na imagem abaixo pra ver alguns e no meu insta coloquei um destaque só com esse tipo de dica! (https://www.instagram.com/p/CcoKH82ryf0/ )
E será que essa timidez em alguns casos não é uma superioridade disfarçada de timidez? "Eu sou tão superior, eu não posso errar, eu sou tão perfeita que é melhor eu nem fazer."
Algumas pessoas informam que são tímidas para não se exporem. Só que isso pode fazer com que percam oportunidades que a comunicação traz. Quando tiver o impulso de contar no seu trabalho que é tímida, se pergunte o motivo pelo qual está fazendo isso.
Ás vezes a vergonha e a timidez têm a ver com a nossa autoconfiança e como isso foi construído. Basta lembrar que tem gente muito prolixa, que mente pra caramba, e consegue cativar o interlocutor, e seu conteúdo é compartilhado. Uma pessoa assertiva é alguém que confia muito no que está falando, mas não significa que esteja dizendo algo verdadeiro, efetivo e eficiente.
3 - Agressividade
Existe um meio termo entre ser direto e efetivo e o "sincericídio"!
"Falar sem agressividade.""Sou assertiva demais! Sou direta e nem todos conseguem lidar com isso."
Muitas pessoas falaram isso: me chamam de agressivo e sou apenas direto demais. Nesse ponto podem existir dois problemas: a incompetência da pessoa que se comprometeu a entregar algo que não conseguiu fazer e tem dificuldade em lidar com um feedback negativo e também a forma como expressamos nossa insatisfação.
Vale uma análise caso a caso, para ver se a nossa comunicação não está sendo violenta ao invés de direta.
"Me expressar sem magoar.""Não passar a impressão de ser agressiva."
Se muita gente está com a impressão de que estamos sendo agressivos, provavelmente elas tenham razão! A dica é tentar entender o motivo disso estar acontecendo. Nesse momento de pandemia todo mundo está com o pavio mais curto, então tá bem difícil.
Às vezes agimos de forma violenta a fim de resolver uma situação - que até pode ser resolvida dessa forma - mas aí ferimos o relacionamento com os envolvidos, a confiança. E nós vamos precisar dessa confiança pra resolver a próxima situação de conflito.
Ironia e sarcasmo são formas de violência, e admitir isso é um bom passo. Se pergunte: Quais são as minhas motivações para cometer essa violência? Quais são as necessidades que eu estou tentando atender agindo dessa forma?
Esse é o outro lado do comentário anterior.
Gostamos de contribuir e colaborar, mas não de obedecer. Por isso, uma conversa onde uma das pessoas acredita que está correta já começa complicada.
É aí que podemos buscar entender por que a outra pessoa está agindo de uma forma que discordamos. Geralmente os seres humanos discordam nas estratégias e concordam nas necessidades. Ouvir é fundamental. Podemos nos relacionar com a motivação do outro e não com a forma que ele escolhe se expressar e com a qual muitas vezes discordamos.
Não existe uma fórmula mágica. O que existe é estudar muito a comunicação não violenta, e como evitar que um conflito escale quando ele começa.
Outras dificuldades
Algumas outras respostas que eu recebi, que não se encaixam especificamente nos três pontos abordados, mas também são comuns e vale a pena falar sobre elas:
"Ser sucinta e evitar vícios de linguagem. Relaxar."
Muitas vezes quando não somos sucintos estamos querendo mostrar trabalho, argumentar muito pra convencer as pessoas. É importante focar no que o público realmente está interessado, ao invés de aproveitar para falar tudo o que eu quero e que não vai engajá-lo.
Pra corrigir vícios de linguagem uma dica bacana é você se filmar. Quando nos vemos falando, identificamos os "cacoetes" e fica mais fácil de começar a mudá-los.
O relaxamento é algo muito individual, você pode testar e ver o que funciona pra você. Pode ser comer uma pipoca ou um sorvete antes da apresentação, fazer exercícios, meditar...
"Falar sobre o meu trabalho para mais de 3 pessoas ao mesmo tempo.""Conheço bem o meu trabalho, mas quando me perguntam o que eu faço as palavras somem."
Isso é muito comum. E essa é a primeira coisa que temos que aprender.
Tenho dicas:
Dar um exemplo prático de um cliente, o que ele precisava e como você resolveu;
Fazer uma analogia com algo muito simples, o mais simples possível. Comparar o que você faz com algo banal e que seja fácil de lembrar;
Usar uma referência conhecida, um serviço, uma marca, um produto similar ao seu
A coisa mais legal de quando falamos sobre o nosso trabalho é que a pessoa saia dali e nos recomende pra alguém. Se ela identificar alguém com uma necessidade que podemos atender, no mundo ideal (construído com nossa boa comunicação) ela lembrará de nós rapidamente.
A comunicação não é sobre você e o seu jeito de pensar, é sobre o outro e o que você quer comunicar com ele. Então você pode explicar que o seu jeito de pensar é um pouco diferente, mas que você pode fazer um desenho, por exemplo.
Você só tem que contar o seu jeito, antes de começar a se expressar de forma diferente.
Comunicação é sobre essa generosidade de alcançar uma outra pessoa, criar uma ponte, uma conexão. Então qualquer coisa serve pra puxar assunto.
É bacana você ter alguns assuntos na manga. Tem coisas que são mais comuns e funcionam sempre (tempo, família, se a pessoa tem irmãos, como ela chegou até ali).
Perguntas abertas funcionam muito, por exemplo, se você perguntar: "Você vem sempre aqui?" A pessoa vai responder sim ou não. Agora, se você perguntar: "O que você mais gosta nesse lugar?" provavelmente a pessoa vai discorrer sobre o assunto.
Então anota aí: Perguntas boas para puxar assunto são as perguntas abertas, perguntas que permitam a pessoa discorrer sobre algo!
E você, tem essas ou outras dificuldades para se comunicar?
Já sentiu que perdeu uma oportunidade por ter medo, por não querer ou não saber como se comunicar? Se você enfrenta esse tipo de problema vamos trabalhar nisso. Entre em contato para saber dessas soluções contato@sheylli.com.br
O conteúdo acima também está disponível em vídeo, para assistir, clique AQUI!
Parece que temos que ser o próprio Buda pra lidar com feedback mas não, #feedbacklovers uni-vos! É possível acostumar-se a pedir e a fazer comentários sobre o desempenho dos outros ao ponto disso se tornar algo super natural e desejável!
Feedback é um presente, se alguém de dispõe a entregá-lo a você, receba!
É importante saber dar o feedback mas se não sabemos receber observações e críticas dos outros, podemos afastá-los.
Quando alguém faz um comentário sobre nosso desempenho, mesmo que pareça grosseiro ou ofensivo, temos uma oportunidade.
Quem realmente não quer mais nossa presença ou algum produto que oferecemos, pode simplesmente ir embora. Quando a pessoa se dá ao trabalho de nos dizer como se sente, especialmente quando não solicitamos, podemos tentar descobrir o que está por trás dessa atitude. Ela pode representar, por exemplo, uma necessidade de interação conosco, de consideração e claro, solução.
Essa frase do Marshal que sistematizou a Comunicação Não Violenta quer dizer que mesmo que a pessoa me xingue - o que é uma violência - essa é uma forma que ela encontrou de atender alguma necessidade própria.
"Todo ato violento é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida" Rosemberg Marshall
Quando alguém nos traz um feedback, podemos evitar a postura reativa ou ficar justificando o motivo das nossa atitudes, isso pode demonstrar pouca senioridade e afastar quem veio trazer a observação. Se considerarmos essencial alguma explicação, não adianta sair desembestada falando tudo. Podemos perguntar se a pessoa teria disponibilidade para uma conversa já que você quer compartilhar mais informações com ela. Como a intenção dela era falar, talvez ela não tenha no mesmo momento a disponibilidade de ouvir. Vocês podem marcar um outro papo pra continuar o assunto!
Às vezes a situação nos deixa nervosos, então decore algumas frases possíveis para esse momento.
Anote essa dica:
Obrigada pelo feedback;
Vou refletir sobre isso;
Sua contribuição é importante para mim;
Tem detalhes que eu gostaria de te contar a respeito desse processo. Quando puder conversar me avise.
Sua receptividade pode fazer a pessoa falar mais e contribuir com sua trajetória.
Este conteúdo também está disponível no vídeo "Como receber um feedback?" Para assistir é só clicar aqui!
Feedback é difícil pros dois lados porque trabalha necessidades humanas complementares.
Queremos ser amados como somos;
Queremos mudar para melhor.
No vídeo "Feedback", falo um pouco do por que o feedback dá tanto medo. Para assistir é só clicar aqui!
É normal temermos o feedback por associá-lo muito à crítica. Uma crítica pode doer, pode despertar sentimentos ruins e ao mesmo tempo pode nos fazer crescer. Separei algumas dicas de como eu faço para lidar com a crítica que podem ser úteis para você.
Posso misturar os meus sentimentos com o que ouvi ou li, principalmente se não estou num bom dia. Quando recebo uma crítica a minha reação pode ter muito a ver com o momento que eu estou vivendo. Por isso, se a minha receptividade não foi tão bacana, procuro revisitar a crítica em um outro momento, pode ser que ela não seja realmente tudo aquilo que pareceu na primeira vez;
Quem faz muito erra muito, só não erra quem está parado! O que falo têm muito a ver com a minha visão de mundo e lembrar disso é fundamental. Entendo que em algum momento vou errar. Por isso uma critica sempre pode contribuir comigo e até me salvar de uma enrascada. Agradeço quando sou corrigida porque reconhecer um erro me faz crescer;
Procuro ver o conteúdo separado da forma como ele é exposto. Mesmo se a crítica for agressiva, não a descarto. Pode ser que a pessoa que está se posicionando esteja nervosa, ansiosa ou em algum estado específico que não consegue lidar com o seu próprio sentimento. Também relaciono com outros comentários, que podem contribuir para que eu entenda melhor aquela crítica e eventualmente sua motivação.
No vídeo "Como lidar com as críticas", compartilho algumas dessas experiências. Para assistir é só clicar aqui!
E se eu tiver que fazer a crítica?
E quando sou eu que preciso dar um feedback? E se eu tiver uma crítica para fazer? Como me expressar e ser ouvida sem magoar quem me ouve?
Dar um feedback ou expressar uma opinião pode ser até mais difícil do que receber uma crítica. O ideal é que a organização estimule uma cultura de feedback constante, o que reduz o medo das críticas, eu inclusive dou aula de cultura de feedback. Porém, em alguns projetos utilizo uma metodologia de três passos para fazer uma crítica construtiva, e que super funciona - pode funcionar para você também. É a regra do "Que bom", "Que pena" e Que tal".
Que bom - Que bom que você fez determinada coisa!
Começo observando algo que eu gostei e achei que está bem feito;
Que pena - Que pena que este ponto não ficou bem claro.
Nesse momento, exponho o que eu acho que não ficou legal, que pode mudar;
Que tal - Que tal se juntarmos mais essa informação para esclarecer esse ponto?
Esse passo é muito importante, procuro dar uma solução, um caminho para resolver o problema. Se não tenho tenho o "que tal" vou pesquisar, vou estudar, penso a respeito, converso mais com a pessoa, e espero ter o "que tal" para poder realmente dar uma opinião embasada.
Se você não sabe apontar um caminho para melhorar o que não está bacana, você não deve apenas apontar um possível erro - essa é a grande sacada. Muitas vezes deixamos a pessoa atormentada por dizer que algo não está bom sem sinalizar o que consideramos bom, o que desejamos ou o que realmente pensamos a respeito. Pensar nesses passos nos obriga a organizar e comunicar exatamente o que pensamos!
Se quiser ver mais exemplos de como eu utilizo o "Que bom", "Que pena" e "Que tal" você pode assistir ao vídeo "Como fazer uma crítica responsável" clicando aqui!